O mundo precisa de vinho

Aqui escrevo na sensação de ser apenas um ser humano suscetível às sinceridades que moram aqui dentro do peito. Aquela vontade de vomitar sinceridades pessoais parece uma rajada tão pandêmica quantos os nossos medos de reconhecer fraquezas. Eles nascem em quase todo ventre de mulher.

Um amigo falou que estudar história dói menos do que passar por um marco histórico. Ele tem razão.

Tantas dores que o mundo passou e passa, para muitos e muitas parecia ser só filme, parecia ser uma notícia de longe. Parte da sociedade dormia em leitos tranquilos e entendia pouco sobre dor, sobre o medo eminente de morrer, de perder um amor, sobre a falta de toque e de afago sincero. 

Na chegada de um vírus mais poderoso do que bolsa de valores ao mundo, as relações comerciais viram o grande susto sobre serem o sentido prioritário das nações. A gente vem descobrindo que talvez elas, as relações exageradamente comerciais, podiam ter sido melhores, podiam ter sido geridas por seres menos desprezíveis e menos desinformados sobre o verdadeiro sentido de serem pagos pelo que fazem.

Que os donos do dinheiro tivessem sido mais honestos, mais humanos, mais generosos e mais plurais. Quem sabe a gente nem precisasse de um grande susto pra nos colocar em estado alerta de consciência. Porque no fim, depois do vírus mais poderoso do que dinheiro, o que realmente importa é saber nadar e saber salvar outras vidas que se afogam.

Conhecimentos acadêmicos e de negócios não possuem na pauta o que mora dentro de uma vida. Passeia-se pelo show do consumo externo e fé na prosperidade financeira. Foto de pobreza de alma daqueles incapazes de soletrar a palavra “diálogo”.

Você pode ter rodado o mundo, ter publicado fotos “alucinantes” e, mesmo assim, ser pobre. Perdoe esta momentânea perda de diplomacia, são toques sinceros a todos os seres respirantes do planeta.

Ao saber que pessoas amadas e admiradas possam estar infectadas no cerne do colapso Covid19, tudo dói aqui dentro feito aço de navalha, feito espada de guerra que acontece nos filmes que vejo. Confortavelmente os filmes acabam em poucas horas, a realidade tarda, ela é mais séria, ela é mais do que um roteiro.

Penso naquelas realidades fílmicas em que depois da guerra nasce a paz… Na literatura por mais que eu tarde em ler um forte thriller faraônico, em poucos dias o meu espírito estará de volta com a informação de que tudo saiu bem. Mesmo nas grandes pestes, nos impérios e nas tiranias vorazes, o grande mal era vencido no final pela força do povo.

Aqui demora, tarda, parece filme sem fim.

O mundo precisa de vinho…. Antes do vinho, o mundo precisa de respeito à ciência…

Raquel Alvarez – Produtora e jornalista

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