Homem cristão, heterossexual, viril, admirado, temido, discursivo, por vezes tímido e gentil.
Cativa nas histórias, cativa em discurso de vencedor, deixa gente de lágrima no olho e esperança nas “gentes” que venceram todo aquele mal existente no mundo.
O homem dessa história nasce pobre, tem pai que bate em mulher, fica forte e aprende na vida com gente que ele cativa na palavra com lágrima. O homem vira jogador de tabuleiro e aprende com gente errada o jogo da vida. Mexe peça pequena pensando no rei, na rainha, na torre, na próxima batida de mão em tabuleiro vivo.
Homem mexe peça pequena quando quer parecer peão, homem quer mesmo ser o herói do rei. Manipulador de rei é peça boa em xadrez de homem. Função ideal pra fingir que é peão quando a responsabilidade come peças mais valiosas.
Mulher descobre, mulher adoece, mulher apanha. Mulher vive inferno na terra e vai embora dessa terra. Homem acrescenta doença na lágrima dos seus próximos movimentos, lágrima de doença dos outros faz comoção virar porta. Lágrima por mulher que morre ajuda a arrastar peças pesadas, elas escorregam mais e comovem gente.
Homem cristão tenta ser bispo em xadrez de cristão, ou melhor, tenta ser manipulador de bispo. Bispo cai em papo de homem, homem cristão traz lágrima no discurso, ganha tempo, ganha dinheiro. Mais uma mulher para as garras de homem com lágrima, essa ainda vive, e em vida a ela resta o choro e medicamento forte.
Homem vencedor sempre vence, mulher vira louca, exagerada.
A cada passo daquele homem pelo jogo da vida, uma mulher ficava em sangue e silêncio, afinal, ninguém duvidava de homem bom.
Elas seguem em sangue e silêncio, menos eu.
Por Raquel Alvarez – Produtora e jornalista
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